Gente, recebi o link desse texto M.A.R.A.V.I.L.H.O.S.O da Calu, do blog
Mamíferas e, devidamente autorizada, venho compartilha-lo com vocês tah!!
É o que sinto, o que vivo, o que tenho experienciado, como mãe e esposa, dona de casa... exatamente, sem tirar, sem por...
Delicie-se!!
SAUDADE DE MIM MESMA, DO SILÊNCIO, DE APENAS... SER
Hoje meu post vai ser um desabafo. Não preciso dizer o quanto amo meus filhos mais que minha existência e que eles deram sentido à minha vida. Mas tenho tido um sentimento ultimamente e notado na TL esse mesmo sentimento e queria desabafar aqui, para poder debater um assunto que não se fala muito a respeito. Porque é "errado"
Quando você está grávida, as pessoas te avisam que ao se tornar mãe você terá menos dinheiro, menos horas de sono, menos atenção, menos roupas novas, menos vaidade... mas ninguém, ninguém me falou que eu não teria mais silêncio. Sabe aquela sensação de simplesmente ser? Ficar quieta, na toca, sem preocupações, sozinha.... E eu realmente preciso disso.
Quando o bebê nasce já é esperado que ele chore. E eles choram, viu? Minha filha chorava tanto que chegou uma hora que o timbre do choro dela me irritava... Depois, claro, vinha a culpa por ter me irritado.
Ai eles crescem um pouco e além do choro, tem os brinquedos. Como brinquedo de criança é barulhento!!!!! Móbile, chocalho, tambor, e tudo com luzes e botões que fazem sons de animais/sirenes/transportes/profissões/músicas. E eles apertam tudo ao mesmo tempo, sem intervalo!
Depois eles aprendem a sentar e não ligam mais a mínima pros brinquedos super educativos desenvolvidos por estudiosos em educação infantil e vão para a sua cozinha e ficam arrumando seu armário de panelas. E aquilo dói os ouvidos de tão barulhento: PINNNNN BANHÉNNNNN. E a TV ligada, o marido falando, a panela batendo, a empregada puxando papo, o telefone toca AAAAAAHHHHHH
Tudo de criança é barulhento: Festa, brinquedo, as próprias, correr atrás delas,buffet, filmes, música, até uma criança fechada num apartamento é extremamente barulhenta. Manhê! Manhê! Manhê! Manhê!
Tem horas que eu só quero me trancar no banheiro (lá pelo menos tem chave e a porta tranca!)
Mas não adianta! Eles batem na porta. Eles chutam, eles chamam. Eles te acham lá e não param enquanto você não abre.... Como ficar em paz com tanta insistência? Por que eu não batalho pelas coisas que eu quero com tanta persistência assim? Por que meu marido está sendo tão rígido com eles? Eles só querem a mãe... Ah, tadinhos. Acho que já saiu o condicionador, não vai fazer mal deixar um pouco no cabelo, tira o volume.... Deixa eu ir lá, eu sei lidar com eles melhor... Pronto, mamãe tá aqui! (Droga, poque eu sou tão frouxa?! Esses dois estão muito mimados!)
Aí, quando finalmente a casa fica absolutamente silenciosa pela primeira vez em meses, seu radar liga e você fala: "Está muito silêncio, isso não pode ser coisa boa!" Dito e feito: Eu já peguei os meus rabiscando parede, mexendo no meu armário, subindo no beliche.... Silêncio demais = Criança fazendo coisa proibida. Por que, Deus? Por que, o Senhor transformou meu silêncio amado em sinal de perigo???
Então aos 30 anos de idade eu fui dar valor ao silêncio... Acho que é verdade que só damos valor ao que perdemos... Mas não é só o silêncio como ausência de som. Quando eles dormem, tudo fica quieto. Mas ai eu vou conversar com meu marido, e estou preocupada que tenho que acordar cedo de qualquer maneira, seja sábado, domingo.... E a preocupação com a falta de grana, e que estou sobrecarregada, que faço tudo sozinha, será que a escola que eles estão é boa? Sou boa mãe? Será que estou sendo muito rígida? Por que eles estão finalmente dormindo e eu estou pensando e falando neles? Será que nunca mais eu vou ser.... eu?
Não sei se vocês vão entender meu sentimento, mas sinto saudades de mim mesma... De, apenas de vez em quando, não ter que conversar com ninguém, de não ter que dar bom dia. De simplesmente ser... De ficar quieta. De fazer NADA. Para mim essa sensação não é ver TV, nem passear no shopping... é literalmente fazer nada. Ficar comigo mesma, sonhar acordada, rolar na cama, não dar satisfação, usar roupa velha, deitar no sofá e ver a cortina ficar voando com o vento e não notar o tempo passar.... Para outras pode ser passar o dia deitada na praia, ouvindo música, assistindo Nottin Hill....
Será que algum dia teremos isso de novo? Ou que pelo menos essa angustia vai passar? Não me importo de nunca mais ter esse silêncio interior, mas então que Deus tenha misericórdia e tire essa vontade de silenciar do meu peito e me faça feliz no barulho tumultuado que é minha vida.
Porque não adianta alguém sair com as crianças por algumas horas num domingo a tarde, porque ai eu tenho uma companhia ainda pior: A culpa de ter escolhido não ir junto com meus filhos num passeio por vontade de ficar sozinha.
E acreditem, a culpa pode fazer muito mais barulho na cabeça e no coração do que 2 crianças, 1 marido e 1 cahorro juntos!
